Servidoras do MPGO em Luziânia aprendem Libras por iniciativa própria para ampliar acolhimento a cidadãos surdos
Em um gesto de empatia e compromisso com a inclusão, duas servidoras do Ministério Público de Goiás (MPGO) em Luziânia decidiram aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para melhor acolher e atender cidadãs e cidadãos surdos que buscam auxílio da instituição. A iniciativa voluntária de Katiane Leite Moreira e Evaneide Bezerra de Souza nasceu do desejo de quebrar barreiras e construir pontes de comunicação com quem, muitas vezes, hesita em buscar seus direitos por medo de não ser compreendido.
Movidas pela vontade de fazer a diferença, as servidoras trilharam uma jornada de aprendizado que começou em abril deste ano, com um curso oferecido pela igreja que ambas frequentam, concluído em outubro. Sedentas por ainda mais conhecimento, elas ingressaram, em setembro, em um segundo curso, mais prático, na Escola Sinais que Tocam, inaugurada em Luziânia. A formação foi encerrada nesta quarta-feira (26/11), coroando meses de dedicação e estudo.
“O mundo dos surdos não é igual ao nosso. Por isso, senti vontade de descobrir o mundo deles para poder ajudar a fazer a diferença”, revela Katiane, que atua na Coordenadoria das Promotorias de Luziânia, ao lado do promotor de Justiça Julimar Alexandro da Silva.
Evaneide, que hoje atua na 8ª Promotoria de Justiça da comarca, sempre carregou o desejo de aprender Libras. Esse sonho ganhou urgência quando ela testemunhou, na Promotoria do Cidadão onde trabalhava anteriormente, as barreiras enfrentadas por pessoas surdas ao buscar atendimento. “É tão bom poder ajudar. A inclusão tem de estar em todo lugar”, afirma a servidora, consciente de que muitas cidadãs e cidadãos surdos deixam de procurar auxílio em órgãos públicos justamente pelo receio de não serem compreendidos. Para ela, aprender Libras é mais do que dominar uma língua, é abrir portas que antes permaneciam fechadas.
A atitude das duas servidoras já começa a ecoar pelos corredores do MPGO em Luziânia, gerando um movimento de inspiração coletiva. Colegas de trabalho, tocados pela iniciativa, demonstram interesse crescente em aprender a língua de sinais e frequentemente perguntam a Katiane e Evaneide sobre palavras e expressões em Libras. O que começou como uma decisão pessoal se transformou em semente de transformação institucional.
“Eu acho uma atitude supernobre por parte delas. Confesso que não sabia que elas estavam se formando em Libras e achei muito louvável, inspirador”, destaca o promotor de Justiça Julimar Alexandro da Silva, reconhecendo o valor humanitário da ação das servidoras.
Recepção Cidadã, em Goiânia, oferece atendimento em Libras
O MPGO mantém, na Recepção Cidadã da sede em Goiânia, serviço de intérprete de Libras para atendimento a pessoas surdas. O recurso, terceirizado pelo MP, também está disponível remotamente para promotoras e promotores de Justiça do interior que necessitem do apoio em atendimentos e audiências. Os eventos promovidos pela instituição na sede também contam com esse recurso.
A iniciativa de Katiane e Evaneide complementa e fortalece o compromisso institucional com a acessibilidade, levando a inclusão para além dos protocolos formais, a fim de construir uma justiça mais acolhedora para todos.

