Cultura e Entretenimento

Goiânia Mostra Curtas confirma adiamento para 2021

Festival que teria início na terça-feira, 6, não será realizado este ano. Entre os motivos, está a falta de políticas públicas e fomento à cultura dos governos municipal, estadual e federal, e a pandemia de Covid-19

Depois de 19 anos ininterruptos, a Goiânia Mostra Curtas adia para o ano que vem a 20ª edição, que começaria na próxima terça-feira, 6 de outubro. O evento aconteceria não fosse a falta de políticas públicas e fomento à cultura por parte dos governos municipal, estadual e federal, e que se acentuou ainda mais com a pandemia de Covid-19. 

Para a diretora da Goiânia Mostra Curtas (GMC), Maria Abdalla, a chegada da pandemia escancarou a paralisação e o desmonte que já vinha acontecendo, como a falta de editais no Estado de Goiás desde 2018 e a extinção do Ministério da Cultura, no âmbito federal, e de outras linhas de editais como do Fundo Nacional Setorial do Audiovisual (FSA).

“Tudo isso afetou diretamente a cadeia produtiva e o mercado do setor cultural. Alguns festivais estão acontecendo online porque já tinham fomentos garantidos, mas a perspectiva para 2021 não é das melhores. Para voltar às atividades de forma gradual, os governos já deveriam estar criando formas de retomar as produções para o próximo ano, o que não está ocorrendo”, salienta.

Adiamento

O anúncio do adiamento da Goiânia Mostra Curtas foi feito em maio deste ano, em uma carta aberta, divulgada pela organização do festival. Desde então, o Icumam também havia tentado captar recursos, via Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), para executar o festival de forma online ou uma Mostra Especial Comemorativa, o que também geraria custo de produção.

No entanto, Abdalla ressalta que, até o momento, não houve apoio das esferas pública, privada e terceiro setor. “Não só a sociedade perde com o desmonte da cultura, mas os estados, já que as produções deixam de gerar emprego e renda, impactando na economia. É preciso que o poder público abra editais para garantir a sobrevivência do setor e de seus profissionais”. O caso da Goiânia Mostra Curtas não está isolado. Inúmeros festivais brasileiros e atividades do setor cultural em geral deixaram ou ainda deixarão de acontecer por falta de incentivos.

O desafio segue na tentativa de o festival se manter ativo criativamente e economicamente para prosseguir com suas atividades, ainda que de modo remoto neste momento, para que esse movimento da cadeia produtiva audiovisual continue promovendo as produções brasileiras, formando plateia, novos profissionais, e ainda gerando negócios, emprego e renda às pessoas que sobrevivem dessa área.

Perspectivas para 2021

A expectativa é que os 20 anos da Goiânia Mostra Curtas seja celebrado em 2021, com o compromisso de manter a capital de Goiás no calendário dos eventos audiovisuais do país. A produção da GMC está trabalhando para realizá-lo de forma presencial, mas como há a possibilidade da pandemia ainda se estender por algum tempo, é possível que ele seja feito de forma online.

Nesse sentido, a diretora do festival destacou que a visão de economia e criatividade mudou. “Vejo uma tendência de que os eventos nos próximos meses, mesmo com a flexibilização, se tornem híbridos”, ressaltou Abdalla, lembrando do projeto realizado em 2020, o Icumam Lab, totalmente virtual.

A produção está empenhada em trazer ao público de todas as idades o que há de melhor, de mais inovador e de mais instigante no cinema nacional. E seguir o seu trabalho de oferecer uma tela de cinema repleta de tudo o que vem junto com ela: o convívio mútuo, a troca de ideias, o aplauso, o carinho.

A GMC

A Goiânia Mostra Curtas é realizada e produzida pelo Icumam Cultural e Instituto. A cada ano, são quatro mostras competitivas: Curta Mostra Brasil, Curta Mostra Goiás, Curta Mostra Animação e a Mostrinha – voltada ao público infanto-juvenil, além da Curta Mostra Especial. O formato também nas edições passadas envolveu ainda pocket show e homenagens a nomes consagrados do cenário audiovisual brasileiro. Destaque nos últimos anos para a programação paralela, na Feira Audiovisual, oferece também oficinas, master classes, debates, painéis, laboratórios, lançamentos literários, encontros e atividades de network.

No ano passado, foram mais de mil inscritos de todas as regiões do País, 70 selecionados e 87 produções exibidas. Desde 2001, já reuniu cerca de 290 mil espectadores, exibiu mais de 2 mil filmes e realizou outras 200 atividades paralelas.