São Paulo – Neste domingo (15), os brasileiros que moram nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país devem adiantar o relógio em uma hora devido ao horário de verão. A mudança será adotada em 11 estados até o dia 18 de fevereiro de 2018.

No Brasil, a medida foi implementada em 1931 com o objetivo de economizar o consumo de energia e reduzir custos operacionais da geração de eletricidade.

No entanto, um estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) —  que questiona os reais benefícios do horário de verão para o país — levou o governo federal a considerar a possibilidade de encerrar a tradição. Por ora, o atraso no relógio está mantido, mas as discussões em torno da suspensão devem ser retomadas em 2018.

Especialistas em gestão de energia ouvidos por EXAME.com concordam que o horário diferenciado é bem-vindo neste ano devido a situação críticanos reservatórios das usinas hidrelétricas. Por outro lado, há controvérsias sobre a real economia gerada.

Horário de pico

Historicamente, adiantar o relógio em uma hora significa reduzir a demanda de energia no horário de pico, entre 18h e 21h, quando boa parte da população chega em casa e aciona equipamentos eletrônicos.

No entanto, de acordo com a pesquisadora da FGV Energia Mariana Weiss, esse padrão de consumo mudou nos últimos anos. “O aumento do poder de compra das famílias brasileiras colaborou para que adquirissem novos eletrodomésticos”, diz.

Segundo a pesquisadora, devido à maior presença dos aparelhos de ar condicionado, o novo vilão do consumo, foi verificada uma nova faixa horária de pico de gasto de energia elétrica, entre 14h e 15h.

Por esse motivo, diz Mariana, dar maior aproveitamento à luz solar é essencial para evitar sobrecarga e evitar “apagões”. “Qualquer redução de consumo energético, ainda que em escala reduzida, é favorável. Tal redução permite ainda acumular um volume adicional de água nos reservatórios”, argumenta. “Além disso, sempre há uma economia financeira decorrente da redução do acionamento das usinas”.

Para Celio Bermann, coordenador do programa de pós-graduação em energia da USP e presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético, no entanto, o deslocamento de uma hora não traduz em uma economia de energia expressiva. “O horário de verão não resolve o problema dos dois horários de pico, e isso diminui a importância de sua adoção no Brasil”, diz.

Outras alternativas

Na opinião de Bermann, o horário de verão é benéfico para o país, contanto que seja atrelado a outras alternativas de economia e racionalização de energia.

“Uma política pública para educar o cidadão sobre os seus hábitos de consumo seria muito mais eficaz no longo prazo”, diz. “Incentivar a necessidade de economizar energia aos jovens, desde o ensino fundamental, por exemplo, poderia fazer com que a redução de consumo não ficasse restrita ao horário de verão. Seria um jeito de garantir resultados de forma permanente no país”, afirma.

O governo federal pretende lançar uma consulta pública à população sobre o tema.